Instituto Brasileiro de Telas Soldadas
Retração autógena
Há cerca de uma década, falar de retração autógena - aquela que ocorre sem que haja troca de umi-
dade com o meio ambiente - era quase um preciosismo. Hoje esse quadro sofreu brusca alteração,
quando pesquisadores procuraram compreender o porquê das fissuras que surgiam nas primeiras
idades em concretos de alto desempenho.
Nesses concretos, emprega-se a sílica ativa , material pozolânico extremamente fino - cerca de cem
vezes mais que o cimento - e que permitiu a obtenção de concretos com patamares de resistência
nunca antes possíveis.
Esse material é muito ávido por água, absorvendo a que se encontra nos capilares do concreto e
com isso promovendo uma retração sem que haja troca de umidade com o meio ambiente. Essa
retração recebe o nome particular de retração por dissecação.
Hoje sabemos que não apenas os concretos contendo sílica ativa passa estão sujeitos a retração autó-
gena, mas também os concretos que apresentam baixa relação água - cimento, inferior a 0,42
(Holt,
2000)
e há indícios que outras adições minerais possam também contribuir com o fenômeno.
Retração plástica
As fissuras de retração plástica são causadas pela mudança de volume do concreto no estado plás-
tico. As retrações que ocorrem no concreto antes do seu endurecimento podem ser dividias em
quatro fases
(Wanj et al, 2001)
:
Primeira fase - assentamento plástico:
ocorre antes da evaporação da água do concreto; quando
do lançamento, o espaço entre as partículas sólidas estão preenchidas com água; assim que essas
partículas sólidas assentam, existe a tendência da água subir para a superfície formando um filme
e esse fenômeno é conhecido por exsudação. Neste estágio a mudança de volume do concreto é
muito pequena.
Segunda fase - retração plástica primária ou retração por exsudação:
é a fissura plástica clássi-
ca. A água superficial começa a evaporar-se por razões climáticas - calor, vento, insolação - e quan-
do a taxa de evaporação excede a da exsudação, o concreto começa a contrair-se. Este tipo de
retração ocorre antes e durante a pega e é atribuída às pressões que desenvolvem nos poros capi-
lares do concreto durante a evaporação.
Terceira Fase - Retração Autógena:
neste caso,quando a hidratação do cimento se desenvolve,
os produtos formados envolvem os agregados mantendo-os unidos; nessa fase, a importância da
capilaridade decresce e o assentamento plástico e a retração plástica primaria decrescem, toman-
do seu lugar a retração autógena, que quando o concreto está ainda no estado plástico é pequena,
ocorrendo quase que totalmente após a pega do concreto. No passado essa parcela da retração era
praticamente desprezada, mas hoje, principalmente com o emprego de baixas relações água/cimen-
to, a retração autógena ganhou destaque importante.
Quarta fase - retração plástica secundária:
ocorre durante o início do endurecimento do concre-
to. Assim que o concreto começa ganhar resistência, a retração plástica tende a desaparecer.
As combinações mais comuns de ocorrência da retração plástica são as três primeiras fases: assen-
tamento plástico, retração por exsudação e a autógena. Sempre que há restrições a essas variações
volumétricas, tanto internas como externas, desenvolvem-se tensões de fração com probabilidade
da ocorrência de fissuras.
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1...,37,38,39,40,41,42,43,44,45,46 48,49,50,51,52,53,54,55,56,57,...101