Projeto e Critérios Executivos de
Pavimentos Industriais de Concreto Armado
Nos concretos estruturais convencionais, pouca atenção se dá às variações volumétricas, cau-
sadas pelas oscilações térmicas e mudanças do teor de umidade do concreto, mas na pavimen-
tação, o estudo e controle dessas variações podem significar o sucesso ou fracasso de uma obra.
Retração hidráulica
O concreto no estado fresco, isto é, imediatamente após a mistura dos seus componentes,
constitui-se em uma série de partículas, incluindo o cimento, que estão temporariamente sepa-
radas por uma fina camada de água; o efeito lubrificante dessa camada, associado com certas
forças interparticulares, torna a mistura trabalhável
(ACI, 1988)
.
Analisando-se a mistura em nível macroscópico, pode-se dividi-la em sólidos, que são os agrega-
dos, embebidos em uma pasta, formada pelo cimento, ar e água. À medida que se aumenta a
quantidade de pasta, afastando-se as partículas sólidas, ou se diminui a sua viscosidade, aumen-
ta-se a fluidez da mistura. Portanto, a água tem um considerável papel no concreto fresco.
Entretanto, nem toda água que é adicionada ao concreto é empregada na hidratação do cimen-
to. A título ilustrativo, pode-se considerar que para 100 quilogramas de cimento são necessários
24 quilogramas de água quimicamente combinada
(Malisch, 1992)
, sendo que cerca de 12 a 18
quilogramas permanecem adsorvido aos silicatos de cálcio hidratados. Toda a água excedente irá
evaporar-se, provocando uma redução no volume do concreto, denominada retração hidráulica.
O fenômeno é inevitável e bastante pronunciado em placas de concreto, sendo a primeira causa
das fissuras, podendo ser reduzido com cuidados na dosagem. Diversos fatores podem afetar a
retração, como tipo de cimento, a natureza dos agregados e dos aditivos, mas a principal causa
é a quantidade de água na mistura
(Soroka, 1979)
.
Sendo o concreto um material higroscópico, após a cura e a secagem pode absorver ou perder
água, em função de variações na umidade relativa do ar, apresentando uma expansão ou con-
tração; por exemplo, a mudança do estado saturado ao seco, com 50% de umidade relativa,
causa uma retração de aproximadamente 0,6%, ou seja, uma placa de 10 metros de compri-
mento contrai nada menos do que 6 mm, que é a mesma variação quando há mudança de tem-
peratura da ordem de 40°C
(ACI, 1988)
.
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4.3 - Retração e Expansão do Concreto
A exsudação, fenômeno de separação de parte da água do concreto, que por ser mais leve aflo-
ra na superfície, pode influir bastante na redução da resistência ao desgaste. O que ocorre na
realidade é que a ascensão da água provoca um aumento da relação
a/c
na região da superfície
da placa, reduzindo a resistência mecânica do concreto. As causas da exsudação estão intima-
mente ligadas aos teores de finos, inclusive o cimento, e ao teor de água do concreto, havendo
aditivos, como os plastificantes, que podem incrementá-la.
Outros fatores que aumentam a exsudação são as operações de vibração e acabamento exces-
sivas do concreto, que estão relacionadas com a sua trabalhabilidade. Na dosagem experimen-
tal do concreto, deve-se analisar cuidadosamente a exsudação a fim de minimizá-la e reduzir
seus efeitos nocivos no concreto.
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