Projeto e Critérios Executivos de
Pavimentos Industriais de Concreto Armado
A resistência do concreto está intimamente relacionada à resistência da pasta de cimento, do
agregado e da interface pasta-agregado, sendo esta bastante crítica no caso de esforços à tração
na flexão.
O primeiro fator a ser analisado é a relação
água/cimento (a/c)
, que representa seguramente o
principal parâmetro da resistência do concreto
(Neville, 1971)
e é universalmente conhecida por
Lei
de Abrams
. Trabalhos experimentais indicam que a relação
a/c
explica, em média, 95% das vari-
ações da resistência à compressão; quando se trata da resistência à tração na flexão tem-se obser-
vado que a
Lei de Abrams
, quando considerada isoladamente, é insuficiente para explicar as parce-
las mais expressivas dessa resistência
(Bucher e Rodrigues, 1993)
,
devendo-se lançar mão de ou-
tros fatores, principalmente da aderência pasta-agregado, que é fruto não só da resistência da pasta
mas também da textura e forma do agregado graúdo.
Os agregados afetam notadamente a resitência à tração na flexão, devido principalmente à
natureza mineralógica, forma geométrica e textura das partículas. Ensaios comparativos com seixo
rolado, que possui superfície lisa, e calcário britado indicaram que neste a resistência à tração na
flexão pode ser até 25% maior para a mesma relação
a/c (Kaplan, 1963)
.
O mesmo estudo indica
que, quanto maior for o volume do agregado graúdo com relação ao total, menor será o módulo de
ruptura, devido ao aumento da dimensão média do agregado total.
Quanto à forma, agregados com partículas que se afastam da forma esférica conferem ao concreto
maior módulo de ruptura, pelo simples fato de apresentarem maior área de contato com a argamassa
e um melhor engaste. Esse afastamento deve ocorrer dentro de certos limites, sendo que a forma
ideal é a cúbica. Concretos com agregados disciformes (forma de disco) ou aciculares (forma de agu-
lha) apresentam baixa resistência à flexão, além de facilitarem a formação de bolsões, por dificultarem
a saída da água exsudada, diminuindo a aderência matriz-agregado
(Bucher e Rodrigues, 1983)
.
No dimensionamento de pisos com armadura simples, emprega-se o módulo de ruptura, que é o
parâmetro mais representativo das solicitações a que este será submetido. A sua determinação é
feita em corpos de prova prismáticos com secção quadrada e comprimento ligeiramente maior que
três vezes a altura, sendo geralmente empregados nas dimensões 150 mm x 150 mm x 500 mm.
Quando comparado com o corpo de prova cilíndrico, empregado na determinação da resistência à
compressão, nota-se que a sua utilização em obra é um tanto dificultada, pelo custo das fôrmas, do
ensaio e pelas dificuldades de manuseio.
A correlação estatística entre a resistência à compressão e o módulo de ruptura é possível teorica-
mente, tendo sido perseguida por diversos pesquisadores, no intuito de facilitar o controle de obras
onde o requisito é o módulo de ruptura. A prática tem demonstrado que o emprego dessas corre-
lações deve ser tomado como referência para efeitos de dosagem.
Como exemplo de correlações entre as resistências, que podem perfeitamente ser empregadas
para os estudos de dosagem, pode-se citar duas, que apresentam resultados bastante similares:
Bucher & Rodrigues, 1983
:
ƒ
ct,M
= 0,56 x (f
c
)
0,6
(MPa)
Packard, 1976
:
ƒ
ct,M
= 0,76 x (f
c
)
0,5
(MPa)
46
1...,34,35,36,37,38,39,40,41,42,43 45,46,47,48,49,50,51,52,53,54,...101