REVISTA CONCRETo
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Não se tem notícia de ensaios desse tipo
executado com cimentos nacionais, mas sem dúvida
poderia ser uma ferramenta valiosa o conhecimento
dessa tendência, associada com medições em obra
para a correta avaliação dos cimentos brasileiros,
que apresentam variações expressivas com relação
aos norte-americanos.
Agregados
Mais que nos concretos estruturais, os agre-
gados têm um peso importante na qualidade do
concreto para pisos, pois interferem diretamente em
algumas propriedades básicas, como a resistência à
abrasão e tração na flexão e na retração. Embora ain-
da não se tenha dado atenção devida aos fenômenos
ligados à reação álcali-agregados, casos recentes des-
ta patologia em estruturas convencionais, sugerem
que este aspecto deva também ser analisado.
O teor de argamassa seca indicada situa-se
entre 49% e 52%, indicando que cerca de 50% da
mistura seca é constituída pelo agregado graúdo.
Este, exceto com poucas exceções, é constituído
por agregados artificiais, oriundo do processo de
britagem de rochas.
Como a resistência à tração na flexão, bem
como à abrasão dependem bastante da aderência
do agregado com a pasta de cimento, torna-se óbvio
que a textura superficial do agregado tem impor-
tância elevada no desempenho do concreto. Dessa
forma o granito, para uma determinada resistência
à compressão, apresenta valores à tração na flexão
10% a 20 % maiores do que o basalto, que além de
ser muito liso, apresenta a tendência de formar grãos
aciculares e disciformes no processo de britagem,
prejudiciais a esta propriedade.
No outro extremo encontra-se o calcário, que
além de apresentar textura similar ao granito, apre-
senta compatibilidade química com o cimento, dando
como resultadomaior adesão coma pasta e formando
uma interface resistente. Outra condição que também
influi fortemente na tração na flexão é o teor de ma-
terial pulverulento que o agregado apresenta, e que
atua como elemento de separação na interface.
O agregado miúdo, constituído pelas areias,
é responsável por grande parcela nas propriedades
do concreto fresco e hoje, em função da limitação na
disponibilidade de areias naturais, notadamente as
de rio, tem crescido o emprego de areias artificiais,
cuja forma e textura dos grãos muitas vezes levam a
formação de misturas ásperas, pouco trabalháveis e
com exsudação excessiva, redundando em concretos
de baixa abrasão retração elevada e delaminações.
Felizmente não são todas as areias artificiais
– comumente designadas como pó-de-pedra por
apresentam grande quantidade de micro agregados
(partículas inferiores a 0,075mm) – que apresentam
comportamento inadequado, como demonstra
Quiroga et al, após analisar mais de 20 combinações
diferentes de agregados artificiais, observou que
muitos deles apresentam características importan-
tes para piso, como baixa retração, melhoria na
resistência a abrasão e maior resistência na flexão,
aliás, essa característica esteve presente em todos os
materiais testados.
Ficou patente que sempre que se emprega
agregados commicrofinos, há aumento na demanda
de água, que deve ser compensada pelo emprego e
aditivos superplastificantes. Há ensaios importantes
que devem ser empregados na caracterização das
areias artificiais, como a massa especifica solta e a
absorção de azul de metileno, que é um indicador
importante do comportamento inadequado do ma-
terial, quando seu valor é superior a 3.
Quanto à curva granulométrica, as contínu-
as apresentam comportamento mais apropriado,
devendo-se sempre que possível trabalhar com a
dimensão máxima característica mais elevada, como
a da brita 2, mas lembrando que esse valor não deve
ser maior do que um quarto da espessura do piso;
dessa forma, o controle da retração acaba sendo
mais efetivo, pois o consumo de água é menor. O
ramo inferior da curva tem grande impacto na re-
sistência à abrasão, pois na ausência de finos, além
do aumento da exsudação, haverá menos partículas
duras na superfície para resistir ao desgaste.
5. Execução
A execução do piso é uma etapa importante
para a sua qualidade e a figura 5 apresenta as etapas
do processo, bem como o tempo aproximado trans-
corrido entre elas para que as fases se processem
adequadamente.
O lançamento do concreto deve ser feito em
velocidade uniforme, de modo que o intervalo
de descarga dos caminhões seja constante,
sendo três caminhões por hora um número
adequado. Quando isto não acontece, a pega
do concreto não será uniforme e trará, na fase
final do acabamento, problemas executivos
que se traduzirão, no mínimo, em manchas.
A vibração deve ser feita preferencialmente por
meio de réguas vibratórias treliçadas,
consorciadas com vibradores de imersão, mas
1,2,3,4 6,7,8