REVISTA CONCRETo
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3. Sub-base
O emprego da sub-base
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em pavimentos
rígidos iniciou-se como ummecanismo para evitar o
processo de bombeamento, causado pela expulsão
de finos do subleito saturado pela água, através das
juntas, promovendo o descalçamento da placa. Com
a disseminação do seu emprego, constatou-se que
ela apresentava outras vantagens adicionais, como
uniformizar a capacidade de suporte, evitando va-
riações bruscas de deformações e funcionandomuito
bem como uma camada de rigidez intermediária
entre o subleito e a placa de concreto.
Mesmo em ambientes cobertos, imunes a
ação da água, observa-se a importância do emprego
da sub-base, permitindo um comportamento mais
elástico da fundação do piso, sendo comum observar
patologias em juntas, causadas pela ausência ou
funcionamento inadequado desse elemento.
As sub-bases podem ser de diversos tipos, mas
em nosso país basicamente podem ser divididas em
dois grandes grupos: as granulares e as tratadas com
cimento (ou cal). As primeiras são constituídas por
rochas britadas e que atendam a uma determinada
faixa granulométrica (DNER ES 303 – 97), devendo
apresentar CBRmínimo de 60%; para este tipo de sub-
base, a qualidade da rocha é muito importante, pois
emprego de materiais inadequados irá causar uma
rebritagemnas regiões demaior deformação, que são
as juntas, levando ao descalçamento e fissuração.
Outra questão básica para o funcionamento
adequado das sub-bases granulares é o grau de com-
pactação, sendo importante que sejam empregados
valores próximos a 100% da energia do Proctor
Modificado (PM); valores inferiores invariavelmente
levam ao assentamento e deformações ao piso que
promovem fissuras. O emprego de materiais com
granulometria estreita, como as britas normalmente
empregadas em concreto, não apresentam condições
de funcionar como sub-bases; sub produtos indus-
triais devem ser empregados com reservas, pois com
freqüência são expansivos.
Quanto às sub-bases cimentícias, normal-
mente refere-se aos concretos compactados com rolo
(CCR) ou às britadas graduadas tratadas com cimen-
to, embora também hajam os solos melhorados com
cimento (BGTC), viáveis em regiões de solos arenosos
finos. O CCR, que é a sub-base preferida para os pa-
vimentos de concreto simples, são constituídas por
concretos de consistência seca, possíveis de serem
compactados com rolo, que apresentam resistência
à tração na flexão variando de 1 a 1,5 MPa, embora
sejam materiais que podem apresentar resistência
elevada, podendo atingir valores similares ao do
concreto convencional.
Como sub-base, os CCR permitemumaumen-
to elevado do coeficiente de recalque
k
, chegando a
triplicar o valor originalmente encontrado no solo e
apresentam consumos típicos de cimento da ordem
de 120 a 150 kg/m³ e o seu desempenho está mais
ligado ao consumo de aglomerante, sendo menos
sensível à granulometria do agregado.
Já as BGTC, são materiais cujo desempenho
é mais dependente da granulometria, que é bem
próxima da brita gradua simples. O teor de cimento
parte de 3% variando até cerca de 6% e embora
suas propriedades mecânicas sejam mais modestas
do que o CCR, com resistência à compressão aos sete
dias variando entre 4 MPa a 8 MPa, acabam por ser
mais apropriadas aos pavimentos industriais, onde as
espessuras observadas da placa são mais reduzidas do
que nos pavimentos convencionais; os incrementos do
coeficiente de recalque da ordem de 100% a 150%.
4. Concreto
Dos constituintes do pavimento industrial,
o concreto é sem dúvida um dos mais sensíveis e
que mais sofreu transformações na última década,
fundamentalmente pela carência de matérias primas
adequadas, notadamente os agregados miúdos.
Particularmente nos pisos, o concreto apresenta
exigências ímpares, como baixa retração, resistência
à abrasão, normalmente não considerados nos con-
cretos estruturais e que fogem aos processos clássicos
de dosagem do concreto.
Na especificação desses concretos, é co-
mum observar-se recomendações como consumos
máximos e mínimos de cimento, teor de argamas-
sa e limitações severas relativas à exsudação e ar
incorporado, além de exigências como faixas de
resistência à abrasão, tração na flexão e retração
hidráulica máxima.
A resistência à abrasão do concreto, muitas
vezes é erroneamente associada ao consumo de
cimento, depende basicamente de sua relação a/c
e características e distribuição granulométrica dos
agregados; obviamente há um consumo mínimo
da ordem de 300 kg/m³ a 320 kg/m³ para garantir
que superficialmente irá ter pasta suficiente para
obtenção de uma textura fechada.
Melhoria na resistência à abrasão pode tam-
bém ser obtida na fase executiva, empregando-se,
por exemplo, aspersões de misturas secas de cimento
e agregados de alta resistência, minerais (4 a 6 kg/m²)
ou metálicos (7 a 9 kg/m²). Após o concreto endureci-
do pode ser aplicado endurecedores líquidos, à base
de silicatos, que reagem com o hidróxido de cálcio
do cimento reduzindo a porosidade e melhorando
a resistência superficial.
Cimento
Estão disponíveis no Brasil, basicamente os
cimentos CP – II (E, F ou Z), CP – III, CP – IV e CP – V, que
abreviadamente podem ser definidos como cimentos
com adições, escória de alto forno, filer calcário ou
pozolana, cujo tipo e teor definem a classificação; o
CP – V, com a particularidade de apresentar elevada
resistência inicial. Com qualquer um deles é possível
(
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) O termo sub-base é empregado em pavimentos rígidos por considerar que a placa de concreto é ao mesmo
tempo base e revestimento. Entretanto, o emprego do termo base para esse tipo de pavimento é empregado
por diversos autores e não é considerado inadequado (Yoder).
1,2 4,5,6,7,8