REVISTA CONCRETO
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PAVIMENTOS DE CONCRETO
executar-se pisos de qualidade, desde que as particu-
laridades de cada um deles sejam respeitadas.
Excetuando-se o CP – V, os outros podem
ser encontrados em classes de resistência, sendo
as usuais 32 e 40 que indicam a resistência mínima
do cimento, em MPa, aos 28dias. Para os de teor
de adição mais elevado, são mais adequados os de
classe 40, por apresentarem menor tempo de pega.
A compreensão dessa necessidade é explicada pela
execução do piso, que passa por duas fases, lança-
mento e acabamento, separadas por um intervalo
de tempo, representada pelo período de dormência
do concreto.
O período de dormência é o tempo que
precede a pega do concreto e nesta fase ele está
vulnerável à perda de água por evaporação e à ex-
sudação que redundam em fenômenos de retração
e redução da resistência à abrasão. Cimentos de
Figura 3:
Retração por secagem (PCA)
moagem mais fina, como os de classe 40, Apresen-
tammenor tempo de pega, reduzindo o período de
exposição prejudicial ao piso.
Como o cimento é o componente quimica-
mente ativo do concreto é o responsável direto pelas
propriedades mecânicas, mas também está ligado à
retração do concreto, hoje uma das principais causas
de patologias nos pavimentos. Atualmente sabe-se
que a retração pode ser hidráulica ou autógena,
sendo a primeira ligada à perda de água para o am-
biente e a segunda caracteriza-se pela ocorrência da
contração da pasta de cimento sem que haja troca
de água com o meio ambiente.
A retração hidráulica está condicionada
basicamente ao teor de água da mistura (figura 3),
embora outros fatores, como aditivos e certos agre-
gados possam influir diretamente sobre ela. Pode ser
dividida em retração inicial, que ocorre nas primeiras
idades e final. Embora a seja um fenômeno intrín-
seco ao concreto, pois sua ocorrência é inevitável,
condições inadequadas de cura nas primeiras idades
podemaumentá-la significativamente, comomostra a
figura 4 onde condições de cura inapropriadas podem
aumentar muito a retração inicial do concreto.
A retração autógena está muito ligada à
finura do cimento e, principalmente, ao emprego de
adições hidráulicas de finura elevada, como a sílica
ativa. Particularmente esta adição foi, na segunda
metade da década de 1990, bastante empregada,
mas como estava sempre associada a pisos com pato-
logias severas, acabou tendo seu emprego limitado.
Outro fator que corrobora com este tipo de retração
é o emprego de relações água/cimento baixas.
Infelizmente não há uma correlação muito
clara entre o tipo do cimento, teor de adição e finura
com a retração do concreto, havendo cimentos mais
finos que promovem menos retração do que outros,
aparentemente menos problemáticos. Este assunto
foi alvo de estudos da ASTM (Ameican Standard Tests
of Materials) que desenvolvendo um ensaio relativa-
mente simples (ASTMC1581 – 04: Determining Age at
Cracking and Induced Ten-
sile Stress Characteristics of
Mortar and Concrete under
Restrained Shrinkage) que
se propõe a avaliar a po-
tencialidade de retração do
cimento, ligada basicamente
aos aspectos químicos.
Corpos de prova em
formato de coroa circu-
lar são moldados em fôr-
mas com núcleos rígidos,
que são mantidos durante
todo o teste, simulando
um confinamento à retra-
ção, sendo determinado o
tempo transcorrido até o
aparecimento da primeira
fissura e a potencialidade
da retração é estabelecida
na tabela 1.
Figura 4:
Condições de cura (Holt)
1,2,3 5,6,7,8