Georadar de superfície (GPR): A visão “raio-X” do engenheiro civil

Georadar de superfície (GPR): A visão “raio-X” do engenheiro civil
23 de janeiro de 2017 Artigos Técnicos Nenhum comentário

 

Num cenário recente marcado pela tendência à racionalização construtiva, na qual a otimização de processos garantem uma economia de tempo, dinheiro e insumos; a absorção de novas tecnologias que venham ao encontro destes atuais princípios deve ser incentivada. O Georadar de superfície vem exatamente nessa onda de modernidade, eficiência e rapidez, que a construção civil vem absorvendo.

Mas vamos lá, do que se trata essa tal novidade no mercado brasileiro da construção?

O Georadar de superfície, ou GPR (Ground Penetration Radar), é um equipamento de levantamento geofísico de alta resolução capaz de inspecionar internamente estruturas de concreto por meio de um método não destrutivo. Diferentemente do que a brincadeira no título sugere, o GPR na verdade não funciona com raio-x, mas sim com ondas de rádio, possibilitando, desta forma, a obtenção de resultados em tempo real, na tela do equipamento.

Figura 01

Figura 01 – GPR (Ground Penetration Radar)

OK, mas qual a relação do GPR com pisos industriais, pavimentos de concreto, lajes, etc?

Muita! Com um conjunto de antenas que emitem ondas eletromagnéticas em uma frequência de 2600 MHz, este sistema portátil é capaz de localizar vergalhões, conduítes e cabos de protensão nessas estruturas de concreto, acusando também seu cobrimento por toda a linha de rastreio. Ele possibilita ainda medir suas espessuras e localizar vazios internos dessas peças.

O aparelho pode realizar leituras de até 40,0 cm de profundidade, e seu funcionamento se dá pela escolha de forma assertiva de uma constante intrínseca de certos materiais, chamada constante dielétrica. Essa constante tem uma amplitude considerável no caso do concreto, variando com sua idade e umidade do meio.

Como se observa na Figura 02, o equipamento é facilmente transportável e não gera transtorno ao cliente maior do que promover uma superfície livre de detritos e seca. A eficiência do resultado obtido deve passar pela sensibilidade e expertise do operador, que a partir de seu conhecimento técnico sobre a estrutura em análise, interpreta os dados emitidos pelo equipamento e os transforma em informação.

Figura 02

Figura 02 – Inspeção de região do piso fissurada

Há uma gama de situações onde o GPR pode ser empregado, muitas delas relacionadas à qualidade final do piso, laje ou pavimento de concreto; ou ainda como uma ferramenta na identificação das causas de manifestações patológicas, como por exemplo:

  • Pisos com patologias estruturais: Desde o posicionamento incorreto de armaduras de punção em pisos estaqueados, regiões com espessura reduzida do piso por irregularidades na planicidade da sub-base, ao posicionamento incorreto de cabos de protensão;
  • Pisos que manifestaram fissuras após sua execução (Figura 03) – muitas das fissuras de retração do concreto em pisos estão intimamente relacionadas a não conformidades executivas no posicionamento das armaduras de retração (como telas de retração ou reforços de cantos reentrantes), que deixam de controlar eficientemente essas tensões naturais de enrijecimento do concreto;

Figura 03

Figura 3 – Rastreamento de um piso com tela dupla.

 

  • Placas de concreto armado que empenaram (Figura 04) – as barras de transferência além da função de transmitirem carga às placas adjacentes, também evitam o empenamento do piso. Trechos onde as barras de transferência foram esquecidas podem apresentar empenamento significativo;

Figura 04

Figura 04 – Rastreamento para identificação da existência de barras de transferência

 

  • Existência de vazios no piso ou sob ele (Figura 05) – há uma serie de razões que podem levar à formação de vazios no piso, dentre elas: a execução de piso com concreto com baixo abatimento; a vibração insuficiente do concreto durante a execução; a inclusão acidental de materiais com baixa densidade (como pedaços de madeira); ou ainda a existência de uma malha de armações que impeça o concreto de fluir.

Figura 05

Figura 05 – Região com vazios no piso

 

Como pode-se observar na Figura 06, quando utilizado por técnicos com experiência, o equipamento possui a capacidade de obter informações com precisões milimétricas.

Figura 06

Figura 06 – Comprovação dos vazios no piso por extração de testemunho

A LPE Engenharia, como sempre focada no cliente e suas necessidades, acredita na utilização de novas tecnologias como aliada no desenvolvimento do setor no país, e há mais de 3 anos tem trabalhado com o GPR.  Os resultados falam por si só!

É evidente que o Geoadar de superfície (GPR) veio para ficar! Ele concilia precisão com praticidade, e permite o controle da qualidade final do piso em tempo real. E diferentemente dos heróis dos quadrinhos, sem superpoderes, mas com tecnologia de ponta!

 

eng. Daniel Farias da Silva Bernardo


Deixe uma resposta